A morte é um assunto que a maioria das pessoas não gostam de falar e também não estão preparadas para tal situação, mas neste momento, que todos vamos passar, alguns profissionais são necessários e essenciais para dar prosseguimento nos velórios e enterros. Uma das profissões que se faz indispensável é aquela pessoa que entra para fechar o caixão e em muitos casos tirar os familiares de cima do caixão; momentos difíceis e onde a emoção, geralmente, é demonstrada com mais veracidade.
Este trabalho é feito geralmente por mulheres, as cerimonialistas de funerária. O site MS Repórter conversou com uma que faz este trabalho para saber mais como funciona e sua importância para toda a sociedade. Gisele Silva de Lima, 32 anos, formada em Pedagogia, está nesta função há 1 ano e 2 meses. “Sou recepcionista, atendo telefone, recebo mensalidade dos associados e sou cerimonialista, quando tem sepultamento largo tudo, troco de roupa e vou fazer o cerimonial”, relata.
“Sempre fui curiosa em relação à morte, meu sonho era entrar no necrotério, pensei até em fazer curso de enfermagem. Quando recebi a proposta de trabalhar na funerária minha resposta foi imediata: sim. Sempre procuro saber a causa da morte e a idade, isso é coisa minha”, destacou a cerimonialista.
Ela contou que não tem contato direto com a família. “Entro somente na hora de fechar o caixão, junto com um agente funerário sempre, vai um de cada lado do caixão dobrando o babado do véu e depois fechamos e parafusamos juntos também. Em seguida acompanho o cortejo até o cemitério e chegando lá a família pede para abrir o caixão para a última despedida, na sequência fecha o caixa novamente e eu com minha cestinha começo a jogar pétalas de rosas e volto para a recepção”, disse.
Ao ser questionada sobre o que mais a marcou neste período como cerimonialista Gisele enfatizou que o que mais emociona a ela são as crianças. “Um dia fomos sepultar um recém nascido que não teve velório, fomos direto para o cemitério, onde a mãe foi levada na cadeira de rodas, pois o hospital a liberou apenas para o funeral. Neste caso, quando é bebezinho o caixão vai no meu colo até o cemitério e chagando no local eu levo ele nos braços até a sepultura. Nesse dia, eu coloquei o caixão aberto no colo da mãe, daí ela colocou uma rosa vermelha sobre ele e um ursinho ao lado dele, em seguida tampamos, o coveiro com todo carinho colocou no buraco e começou a jogar terra, nisso eu chorava mais que a mãe do bebe”, relembra.
Ainda segundo a cerimonialista, neste dia teve que ir ao médico pedir um remédio, pois tinha muita dor de cabeça depois desse fato. “Outro que chorei muito foi de um homem de uns 40 anos que deixou mulher e três filhos pequenos. Na hora de fechar o caixão, ela e as crianças choravam compulsivamente na beira, lamentando como iria fazer para cuidar dos filhos sozinha e pra completar ainda colocaram aquela musica: ‘Amigo é cosia pra se guardar do lado esquerdo do peito’. Daí não teve jeito e chorei muito mesmo, fiquei muito mal”, relatou.
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