Segue nesta manhã de sexta-feira (21), em Campo Grande, o julgamento de Chyntia Carvalho Martins, apontada como mandante do assassinato do ex-marido, Alci Pedro Arantes. A vítima era irmão do prefeito de Rochedo, Adão Pedro Arantes, que está presente no Tribunal de Júri, junto de familiares e amigos de Alci. Chyntia, cerca de 20 anos mais nova que a vítima, teria mandado matar o ex-marido, que na época tinha 53 anos, com interesse no seguro e nos bens dele, já que ele havia pedido a separação ao descobrir, por exame de paternidade, que o filho de dois anos que ela deu à luz era de outro homem.
O empresário Alci foi morto a tiros no dia 26 de outubro de 2006. Foram indiciados por participação no crime João Batista Domingos (conhecido como Quentura), 58, Carlos Ximenes Paiva, 27 anos, André Lima Silva, 22 anos, Carlos Vieira Gonsales, 30 anos e Gilson Gomes da Costa, 48 anos. Todos foram julgados e apenas Gilson, que era advogado de Chyntia e suspeito de fazer a intermediação entre assassinos e a mandante, foi absolvido. Os outros foram condenados e já estão presos.
O julgamento de Chyntia foi adiado seis vezes, cada uma por um motivo diferente. O que não desmotivou a família de Alci, que acompanha o caso desde o começo. No processo inicial, Chyntia foi denunciada, mas a ação estava sendo arquivada por falta de provas. O irmão de Alci, Silvio Pedro Arantes, foi quem recebeu uma ligação anônima, conseguiu levantar as provas que incriminavam a mulher, e encaminhou os dados ao governo do Estado, que determinou a reabertura das investigações.
Alci Pedro Arantes, proprietário do depósito Areeira Canaã Ltda., foi assassinado dentro do carro. Ele tinha ido buscar a filha, e enquanto esperava a garota, foi morto na porta da casa da ex-mulher. Dois homens de motocicleta se aproximaram e atiraram. Nas investigações, Chyntia foi acusada de ser a mandante do crime, contando com a colaboração de João Batista Domingos, o “João Quentura”, responsável pela contratação dos pistoleiros.
Em depoimento hoje, Chyntia disse que imagina que ela e Alci tinham um patrimônio de aproximadamente 500 mil reais. Embora seja processada por ter mandado matar o marido com interesse no seguro e herança, ela diz ter ficado só com a casa em que mora com os filhos, e o seguro tinha beneficiária única, a filha oriunda de outro casamento, Sandrielly Rezende Arantes, 23, que assiste ao julgamento sentada na primeira fileira do Tribunal.
Traições
Chyntia, que aguardou seis anos pelo julgamento em liberdade, chegou a levantar rumores no tribunal quando contou que para descobrir quem era o pai de seu filho, teve que fazer quatro exames de paternidade. Ela disse que Alci a agrediu ao descobrir as traições, que chegou a bater em sua cabeça quando estava com a criança de dois anos no colo, e que ele também tinha relacionamentos fora do casamento. Sandrielly e Silvio Pedro, irmão da vítima, defendem o familiar, dizendo que ela mente, que ele não faria isso, e ainda, que era fiel. Segundo a filha de Alci, ele apenas teve outros relacionamentos após terminar com Chyntia.
A acusada nega que mandou matar o marido. Ela diz que ele tinha vários desafetos e que já chegou a receber ameaças. No entanto, não há outros indiciados no caso, pois os nomes apontados por ela foram interrogados, investigados, e não foram encontradas as provas incriminadoras.
Ela disse, ainda, em juízo, que ao se separar de Alci ele teria feito um acordo em que pagaria dois salários e meio para cada filho, pensão que ela afirma que ele não pagou. Chyntia disse também que Alci exigia que todos os bens dela passassem para o nome dos descendentes, mas ela falava que só passaria se ele fizesse o mesmo. Ela afirmou que nesta época, não recebeu dinheiro algum de Alci, e que era o pai dela quem sustentava a sua casa.
Segundo a acusada, de dois anos para cá, a filha de Alci, Sandryelli, passou a entregar 850 reais por mês à Thalita Sandim Almeida, 24 anos, filha de Alci e Chyntia, a fim de ajudar nas despesas. Segundo o irmão de Alci, Silvio, a família possui consideração pelos filhos que a vítima deixou, e que “o problema mesmo, é a Chyntia”. Silvio chegou a dizer que todos suspeitavam da infidelidade e do comportamento estranho da acusada, mas não queriam provocar o nervosismo de Alci.
Para o irmão do empresário assassinado, este é um momento de honra para a família. “Nós esperamos a condenação dela”. O julgamento deve ser encerrado ainda hoje, por ser crime de homicídio doloso, a sentença será definida por meio de júri popular.
Ana Maria Assis
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