O Grupo JBS informou esta semana aos investidores, que vai realizar um aumento de capital de até R$ 3,479 bilhões para acomodar a conversão das debêntures que pertencem ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em ações. A operação começa a esclarecer as dúvidas que pairam sobre o envolvimento da empresa com o banco estatal.
Com o negócio, a participação da FB Participações, que pertence à família Batista, será diluída, mas a holding não perderá o controle da companhia. O porcentual da FB passará de 54,32% para 47%. A BNDESPar, braço de participação em empresas do BNDES, aumentará sua fatia de 17% para 31%. Os minoritários passam de 25,2% para 21,7%.
A conversão das debêntures do BNDES em ações será feita com o preço de R$ 7,04 por ação, que é o valor médio ponderado dos últimos cem pregões antes de 31 de dezembro de 2010. A previsão é concluir o processo até cinco de julho.
Essa operação é necessária por conta de um polêmico empréstimo de R$ 3,5 bilhões que o BNDES concedeu ao JBS para a compra da americana Pilgrims em setembro de 2009. Com a aquisição, o JBS se tornou o maior frigorífico do mundo. O empréstimo foi feito via compra de debêntures (dívida) conversíveis em ações.
O plano original previa que a JBS USA abrisse o capital no mercado americano no prazo de um ano, concedendo ao BNDES 20% a 25% dessa empresa. Se isso não ocorresse, o BNDES teria direito a converter os papéis em ações do JBS no Brasil.
Com o mercado americano retraído, a empresa não abriu capital nos EUA, pagou multa de R$ 521 milhões ao BNDES no final de 2010 e ganhou o direito de esperar mais um ano. Ontem, surpreendeu o mercado convertendo as debêntures antes do prazo.
As ações foram castigadas com uma queda de 5% ontem, para R$ 5,48. Foi uma das maiores perdas do Ibovespa. Os investidores tinham duas dúvidas: o tamanho da perda para os minoritários, que serão diluídos, e se isso significa um comprometimento menor do BNDES com o JBS.
Apesar de ter elevado sua participação imediata na empresa, o banco estatal agora está "líquido". Ao contrário das debêntures, que quase não têm mercado, o BNDES pode vender as ações. Os sinais, no entanto, são de que o banco não fará movimentos bruscos que prejudiquem o valor do seu investimento.
– Esse aumento de capital é importante. Tira as incertezas que o mercado tinha sobre uma possível abertura de capital da JBS USA e nos permite rebalancear e reestruturar nossa estrutura de capital – disse o presidente da empresa, em teleconferência com analistas, Wesley Batista.
Segundo fontes, o BNDES mitigou seus riscos com a operação desta quarta. O banco poderia perder dinheiro com uma abertura de capital mal sucedida do JBS nos EUA. Além disso, havia uma chance as ações subirem até o fim do ano (como indicam os relatórios dos bancos), o que significaria menos participação na empresa para o BNDES.
Sem o BNDES como potencial "sócio" da JBS USA, a empresa poderá transferir parte de suas dívidas no Brasil para a filial americana, gerando economias de impostos e despesas financeiras que não foram reveladas. A companhia já começou esse processo e pretende emitir US$ 2,2 bilhões em dívidas no exterior.
Ida Garcia/Fonte: O Estado de S. Paulo.
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