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Cresce espaço das matérias-primas nas exportações brasileiras, diz Ipea

10 maio 2011 - 14h21


País perdeu participação no comércio de itens com mais tecnologia. Ipea diz que expansão reflete perda de competitividade no comércio global.
As matérias-primas ganharam espaço na pauta brasileira de exportações ao mesmo tempo em que o país perdeu espaço no comércio mundial de produtos de maior intensidade tecnológica, segundo estudo divulgado pelo Ipea nesta terça-feira (10).

"Desde os anos 1990, a participação das commodities nas exportações brasileiras oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, esta participação saltou dez pontos percentuais, alcançando 51% das exportações brasileiras", informou a entidade.

Além das boas vendas, "tal resultado reflete também a perda de competitividade do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia", informa documento divulgado pelo Ipea.

Entre 2006 e 2009, o Brasil perdeu participação de mercado em todos os grupos de produtos, exceto commodities e petróleo, segundo o Ipea.  A queda do dólar frente o real  e o forte  crescimento de países como a China também são apontados como um dos motivadores desse movimento.

O Ipea destaca ainda que a perda de market share do Brasil nos produtos de maior intensidade tecnológica piorou depois da crise  e coincide com o aumento da participação das commodities na pauta, a partir de 2006.

Tecnológicos em baixa

De acordo com a entidade, as exportações brasileiras de commodities primárias passaram a representar 4,66% das exportações mundiais desses itens em 2009, ante 2,77% em 2000.

No mesmo período, a participação do Brasil no comércio mundial de bens subiu de 0,88% em 2000 para 1,26% em 2009. Perdeu, no entanto, espaço nas exportações de alta intensidade tecnológica: passou de 0,52% em 2000 para 0,49% em 2009.

"Apesar do avanço significativo, é possível observar que estes ganhos estão concentradosno grupo commodities", diz o Ipea no artigo "A primarização da pauta de exportações no Brasil: ainda um dilema", do boletim Radar elaborado pela entidade.

Ainda segundo o Ipea, o Brasil ganhou espaço no mercado de forma significativa entre 2000 e 2006 nos produtos de média intensidade tecnológica, entre os quais estão automóveis e máquinas e equipamentos, mas começou a perder espaço desde então.

Somando-se os produtos de média e alta intensidade tecnológica, o Brasil detinha 0,57% das exportações mundiais em 2000, alcançando 0,71% em 2006. Entretanto, a partir de 2006, o país começa a perder mercado nestes produtos de forma significativa e em 2009 detém 0,6% do mercado mundial, de acordo com o Ipea.

Minérios em alta

De acordo com os dados do Ipea, o país aumentou em 2010  seu nível de exportações de minérios, principalmente minério de ferro, em relação a 2009, e este produto foi o principal responsável pelos 51% do total exportado em commodities em 2010.

O Ipea destaca ainda que o açúcar também teve papel importante em 2010, crescendo em participação total, enquanto itens como carne e soja tiveram uma participação proporcional na pauta de exportações brasileira menor que em 2009.

"No caso da soja, além do aumento da exportação de outros produtos, uma explicação possível é a competição com os EUA, que exportaram mais para o maior país asiático", diz o estudo.

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