Para profissionais do mercado de câmbio, parece claro que as taxas passaram a oscilar noutros níveis de preços a partir desta semana --no curto prazo, a faixa entre R$ 1,60 e R$ 1,65 parece ser a nova "banda" de flutuação das cotações, num cenário de maior aversão a risco, menor preço das commodities e fuga de capital do mercado renda variável no Brasil.
O dólar comercial encerrou o período útil da semana sendo negociado por R$ 1,633, o seu ponto mais alto desde o final de março, em um acréscimo de 0,6% sobre a taxa de ontem e 1% mais alto na comparação com o preço fixado na sexta passada.
Já o dólar turismo foi vendido por R$ 1,750 e comprado por R$ 1,580 nas casas de câmbio paulistas.
Ainda operando, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) sofre perdas de 1,05%, aos 63.323 pontos. O giro financeiro é de R$ 5 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York cai 0,82%.
"Com o dólar ganhando força em relação às principais moedas e as commodities se acomodando em patamares mais baixos, em um ambiente de menor interesse dos estrangeiros nos ativos do País por conta do IOF mais alto sobre as captações externas de curto prazo, o câmbio pode estar, de fato, mudando de patamar", comentava, logo pela manhã, Miriam Tavares, diretora da AGK Corretora de Câmbio, em seu comentário diário sobre o dólar.
A China foi o grande assunto da semana. O gigante asiático revelou que o crescimento econômico começou a desacelerar num ritmo bastante moderado, num contexto de taxas de inflação ainda em patamares "incômodos" para Pequim. Batendo com as expectativas do mercado, o governo chinês obrigou os bancos, novamente, a recolher mais dinheiro da praça, numa medida clássica para desestimular o crédito, e por tabela, o consumo e investimentos.
Não por coincidência, os preços das principais commodities deram início a um processo franco de correção dos patamares históricos -- um dos exemplos mais notórios é o petróleo, cuja cotação rumava para US$ 120 (o barril) até poucos dias, e deve encerrar a semana abaixo de US$ 100 na praça de Nova York (Nymex).
"O mercado começou a notar que as cotações estavam se sustentando acima de R$ 1,60. E quando vê que o dólar 'parou' de cair todo o dia, o especulador acaba entrando no mercado, reduzindo a posição vendida [que ganha com a baixa do dólar]. Não tem jeito, nesses casos o que sempre acontece é o famoso 'efeito manada'", avalia Carlos Alberto Postigo, gerente do Banco Paulista para o segmento de dólar turismo.
JUROS FUTUROS
No segmento de juros futuros da BM&F, as taxas mais negociadas encerraram a semana praticamente estáveis. Os agentes financeiros aguardam as projeções contidas no boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, e que deve ser divulgado na próxima segunda. Na última edição desse documento, as previsões para a inflação caíram pela primeira vez após oito semanas de ajustes para cima.
Para julho, a taxa prevista foi mantida em 11,99% ao ano; para janeiro de 2012, a taxa projetada passou de 12,28% para 12,29%. E no contrato para janeiro de 2013, a taxa prevista permaneceu em 12,51%. Esses números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.
Helton Verão/Folha Online