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Tecnologia conquista moradores da cidade das bicicletas

12 maio 2011 - 20h52

Na cidade onde carros e motos não são permitidos, tecnologias como sinal de celular e provedor de internet demoraram a chegar (existem apenas a cerca de dois anos), mas já conquistaram a população, que hoje não vive mais desconectada.


Próxima de Macapá (AP), a cidade paraense de Afuá, na Ilha do Marajó , recebeu o apelido de “Veneza Marajoara” graças às palafitas instaladas na cidade desde a sua criação. Isso porque, de acordo com a secretaria de Turismo, enchentes invadem as ruas do município a cada quatro anos. Devido a sua constituição exótica, o único meio de transporte disponível aos cidadãos são as bicicletas. Os barcos vêm em segundo lugar.


Ao inaugurar a primeira lan house da cidade, em 2005, Leonardo Bararuá utilizava internet via satélite, que tinha um custo bastante alto. “Eu trouxe, pela primeira vez, a internet para a população. Antes, apenas a prefeitura tinha acesso e algumas pessoas que arriscavam usar a web discada”, afirma.


“Algumas pessoas nunca tinham visto internet na vida”, conta ele, que hoje tem mais dois concorrentes.  Além da lan house, Leonardo tem a única loja de eletrônicos da cidade. “Não é todo morador que compra aqui. Alguns trazem os aparelhos de Macapá ou Belém. As tecnologias custam a chegar a Afuá. Mas quando chegam, todo mundo sai correndo para comprar”, garante.


Já o sinal de telefonia móvel só veio em 2008. Hoje a cidade conta com um provedor de internet via rádio, três lan houses e, recentemente, uma loja autorizada da operadora de telefonia móvel foi aberta em Afuá.


“O primeiro celular que comprei era bem simples porque eu queria ter um aparelho logo”, conta Rúbia Garcia, de 29 anos. “Também já tive três computadores, mas ainda não tenho internet em casa”, completa.


“No meu celular, estou sempre acessando o Twitter. É viciante”, diz Adriano Alves Baliero, de 27 anos, que vende caricaturas e desenhos pelo Orkut e assinou uma promoção de internet móvel gratuita. Baliero conta que vivia muito bem antes do celular e da internet. “Eu gostava de jogar bola e não tinha noção de como era ter um celular”, declara.


“Usei um computador pela primeira vez na lan house do Leo”, conta Ezequiel Dias, de 26 anos. No começo, Dias escrevia em papel as mensagens que queria mandar e pedia para um amigo digitar e enviar por e-mail. “Um dia, ele me disse: ‘vamos fazer uma e-mail para você’”. Segundo Dias, o acesso à internet em Afuá era muito restrito, e apenas a prefeitura estava conectada.


Lúcio Coimbra foi o primeiro morador de Afuá a entrar na internet. “Quando eu contei que tinha me conectado na rede, ninguém na prefeitura acreditou”, conta. Em 1998, Coimbra se conectou pela primeira vez na internet discada. Ele colocou rede em casa em 2006 para montar a sua lan house, que fechou em 2009. Ele conta que, na época, gastou cerca de R$ 10 mil para montar a internet sem fio via satélite.


Em Chaves, cidade mais próxima de Afuá, a tecnologia é ainda mais recente. O telefone celular chegou há menos de um ano e a cidade conta apenas com uma lan house, conectada na rede via satélite. “Hoje, já que a cidade não tem provedor, todo mundo acessa a web pelo celular por causa de uma promoção da única operadora daqui”, conta Diackson da Silva Maciel, de 23 anos. A lan house é o único lugar onde são vendidos celulares. “Chegamos a vender cerca de 30 celulares por semana. Todo mundo quer ter um”, explica.


Educação


Nas escolas de Afuá ainda não há laboratórios de informática, mas o primeiro já está sendo montado na única instituição de Ensino Médio da cidade.


Para as aulas de informática, a prefeitura criou dois telecentros que contam com computadores conectados à rede. A cidade também tem computadores com internet na biblioteca pública e no Centro Paroquial, que também oferece cursos.


Camila Bertagnolli / Com informações do G1

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