De acordo com a segunda edição do Indicador de Educação Financeira, brasileiros entre 16 e 24 anos tiveram nota abaixo da média e registraram queda em relação a 2013. Metade da população do país teve nota entre 0 a 6 e somente 3% atingiu pontuação maior do que 8. O índice 2014 mostra ainda que o número de pessoas que poupam caiu em todas as classes sociais. Os bancarizados apresentaram maior nível de educação financeira. População pode entrar no site da Serasa, fazer o teste e verificar sua nota
Os jovens com idade entre 16 e 24 anos, além de terem o nível mais baixo de educação financeira, tiveram piora em relação ao ano passado. Esta foi uma das conclusões da segunda edição do Indicador de Educação Financeira (IndEF) 2014, elaborado pela Serasa Experian, e IBOPE Inteligência, apresentado hoje, 07 agosto, na sede da Serasa Experian. Com o indicador, o Brasil passa a ser o único país do mundo a ter uma metodologia que permite conhecer e acompanhar o nível de educação financeira da população.
“Nosso objetivo é mostrar anualmente o nível de educação financeira do brasileiro para apoiar a medição de resultados em empresas, na sociedade civil organizada e junto aos governos, que encaram o grande desafio de educar financeiramente nossos consumidores”, afirma o presidente da Serasa Experian, José Luiz Rossi.
O IndEF 2014, que trabalha em uma escala de 0 a 10, deu média 6 aos brasileiros, a mesma nota de 2013. Quanto maior o índice, maior o nível de educação financeira. Este ano, no entanto, os jovens tiveram o pior desempenho. O grupo de 16 a 17 anos apresentou queda em relação à nota do ano passado: de 5,9 para 5,5. Os brasileiros que têm entre 18 e 24 também caíram na comparação com 2013, de 5,9 para 5,8.
Para a criação do IndEF foram entrevistadas – no primeiro trimestre de 2014 – 2.002 pessoas maiores de 16 anos de idade, em 140 cidades de todos os Estados brasileiros e do Distrito Federal, incluindo capitais, periferia e interior.
O Indicador é composto por três subíndices referentes a finanças pessoais e familiares dos brasileiros: o Conhecimento, a Atitude e o Comportamento, tendo cada um deles um peso diferente: Atitude (24%), Conhecimento (26%) e Comportamento (50%).
O subíndice Conhecimento avalia o entendimento de conceitos financeiros, o subíndice Atitude avalia como o entrevistado enxerga a sua relação com o dinheiro e, por fim, o subíndice Comportamento, que mede as ações do entrevistado no seu dia a dia (como, por exemplo, se ele gasta mais do que ganha, se guarda dinheiro e se planeja o futuro).
No IndEF 2014, como em 2013, o subíndice Conhecimento é o que atinge valores mais altos, seguido do Atitude e, por fim, a dimensão Comportamento.
Somente 3% da população atingiu nota maior que 8
Além da nota geral, o IndEF estabeleceu um critério de classificação dos indivíduos. Assim, considerando como nível 1 notas até 5, com 18% da população. No nível 2, foram levados em conta valores maiores que 5 até 6, representado por 32% dos brasileiros. O nível 3 representa 31%, com valores maiores que 6 a 7. No intervalo entre 7,01 e 8, o nível 4, encontram-se 16% dos consumidores. E, finalmente, no nível 5, com valores maiores que 8, estão apenas 3% dos indivíduos.
Dinheiro X faixa etária
A idade também é um fator que interfere no IndEF. À medida que as pessoas ficam mais velhas, nota-se uma melhora da educação financeira.
Ligeira piora nos indicadores dos homens e melhora na Atitude das mulheres
Neste ano, assim como em 2013, não há diferenças significativas entre os sexos. Tanto homens quanto mulheres apresentam praticamente os mesmos resultados no que diz respeito à educação financeira. No entanto, em relação a 2013, houve uma ligeira piora nos indicadores dos homens e melhora na Atitude das mulheres.
O indicador também mostra resultados diferentes por classe social, apesar de a variação ter sido pouca – em todas as classes – em relação ao ano anterior. A classe AB teve nota 6,2, a classe C e D/E mantiveram a mesma nota de 2013.
O Indicador também aponta que a educação financeira continua sendo maior quando mais pessoas, além do próprio consumidor, participam das decisões envolvendo dinheiro ou crédito. As opiniões do cônjuge ou de outro parente próximo têm interferência positiva na educação financeira. Já deixar as decisões financeiras nas mãos exclusivamente do cônjuge não parece ser boa ideia – a nota foi a mais baixa na categoria, 5,5.
Número de pessoas que poupam caiu em todas as classes sociais
A educação financeira também continua relacionada com o ato de poupar, embora a nota dada para quem poupou nos últimos doze meses tenha sido um pouco menor que no ano anterior (6,6 em 2014 contra 6,7 em 2013). Esse recuo da educação financeira em 2014 pode ter sido causado por queda na formação de poupança, registrado em todas as faixas de renda: este ano, apenas 57% dos consumidores com vencimentos acima de dez salários mínimos tem poupança, contra 76% em 2013 (uma redução 19 pontos percentuais). A segunda menor queda foi entre as pessoas que ganham na faixa de 5 a 10 salários mínimos, de 59% em 2013 para 45% neste ano (14 pontos percentuais a menos). O percentual também caiu um ponto entre aqueles que ganham até um salário mínimo, ficando com 17%.
Bancarizados têm nível maior de educação financeira
Para os indivíduos com escolaridade equivalente a Ensino Fundamental, o IndEF varia de maneira significativa entre aqueles que têm e aqueles que não têm acesso a serviços financeiros, tais como conta corrente, cartão de crédito e seguros. Para os que têm escolaridade em Ensino Médio e superior, há variações nos graus de educação financeira principalmente em relação aos que possuem seguro. É interessante notar que o fato de o indivíduo ter ou não acesso aos serviços financeiros afeta de maneira diferente as três dimensões: Atitude, Conhecimento e Comportamento.