Farmácia doméstica: risco de armazenar, uso incorreto e principalmente o descarte dos remédios
Qual é a casa que não tem um espaço, um cantinho reservado para a famosa farmacinha? Mas, o que pode ser a salvação para aliviar aquela enxaqueca, cólica, azia, febre pode também ser um risco à saúde da família. Uma cultura que esta cada vez mais sendo discutida pelo poder público e pelos profissionais da área de saúde. Isso tanto por causa do acondicionamento incorreto e principalmente pela uso indiscriminado dos medicamentos.
Independente do medicamento ser comercializado ou não com receita todo remédio tem seu efeito colateral. A professora de farmacologia da UFMS, Mônica Kadri, reforça que um paracetamol usado de maneira inadequada causa insuficiência hepática, já os anti-inflamatórios são vendidos com tarja vermelha (receita comum), como cataflam , postan, esses remédios usados descontrolados podem causar lesão gástrica. Ela ainda explica “os medicamentos devem ser conservados de maneira adequada, dentro da caixa, nada de armazenar em locais úmidos (como os banheiros) e fora do alcance de criança”, diz Mônica. Outra situação é a falta de informação do uso e maneira correta de se remediar, seguindo as orientações médicas.
Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas revelam que os medicamentos são o principal agente tóxico no Brasil, responsáveis por 28% dos casos de intoxicação humana.
Para discutir o tema será realizada nesta quarta-feira (18), a audiência pública "Medicamentos nas residências, uma arma contra o cidadão e um risco para o meio ambiente". Proposta pelo deputado Lauro Davi (PSB), o evento acontece no plenário Júlio Maia, às 14h. O objetivo é evitar intoxicações e o descarte inadequado de medicamentos. E ainda, a partir da audiência criar pontos de coleta desses medicamentos no Estado.
Destarte de remédios
Mais de 80% destes resíduos são gerados pelas residências que por não terem a opção correta de descarte, depositam estes medicamentos no lixo doméstico ou na rede de esgoto através de descarga sanitária ou pela pia. Ao serem colocados no lixo doméstico, podem ser utilizados inadequadamente por pessoas humildes que fazem a reciclagem do lixo e encontram estes produtos às vezes em embalagens intactas que pelo vencimento já estabelecido ou pelas condições de temperatura, umidade ou contaminação são considerados impróprios para o consumo sem falarmos na automedicação.
O medicamento quando depositado no lixo doméstico e encaminhado aos aterros sanitários comuns, acabam por contaminar o solo em que são depositados e por lixiviação atingem os mananciais de água.
De acordo com os pesquisadores, os resíduos dos fármacos anti-infecciosos acabam atingindo os recursos hídricos nas regiões urbanas ou nas áreas agrícolas, o que aumenta o risco do desenvolvimento de bactérias resistentes, além de eventuais impactos na biota aquática.
O estudo avaliou três classes de antibióticos (macrolídeos, quinolonas e sulfonamidas) e o composto trimethoprim, em termos de presença na água na América do Norte, Europa e Ásia, identificando altas concentrações destes fármacos em águas residuais brutas, em comparação com águas residuais tratadas.
Os pesquisadores identificaram a contaminação de rios, lagos, estuários, bacias e até nas águas costeiras, o que pode ser um indicativo da crescente resistência microbiana aos antibióticos, antimicrobianos e antifúngicos.
Também identificaram uma crescente contaminação das águas residuais em decorrência da utilização agropecuária destes medicamentos. Isto pode ser especialmente perigoso nos países em desenvolvimento, com sistemas de coleta e tratamento de esgotos precários e sem sistemas eficientes e seguros para tratamento de água para consumo humano e animal, efetivamente preparados para eliminar a presença de fármacos e outros contaminantes.
Ida Garcia
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